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Estoril Experience Day - 19/06/2016
16:52
Domingo, a meio de Junho, dia 19 para sermos mais concretos. Seria de esperar que um dia como este fosse uma oportunidade de ir à praia com os amigos ou família, de degustar alguma iguaria da época num qualquer restaurante, ou de dar um passeio numa zona onde só se vá por lazer. Então e... porque não passar este tórrido dia de Primavera, o penúltimo da estação, no Autódromo do Estoril, em mais uma edição do sempre concorrido Estoril Experience Day? Foi precisamente essa a nossa escolha. Arrependimento? Só de não termos levado protector solar.
Pois é, parecendo que não, a última edição desta série de track-days organizados pela CRM Motorsport já tinha decorrido há mais de dois meses e, mesmo que tivéssemos estado no Autódromo do Estoril há menos tempo que isso, ficamos sempre na expectativa para o regresso a um local que tanto nos diz. E, mais uma vez, ainda bem que não ficámos por casa ou fomos para outras paragens, uma vez que a última edição assinalou não só o regresso de alguma maquinaria que não víamos pelo paddock há algum tempo, mas também a estreia no avistamento de alguns automóveis tanto dentro como fora da pista. E ainda tivemos a oportunidade de fazer uma manga à pendura num muito competente hot-hatch francês! Já lá iremos.
Como habitual a cada edição deste evento, chegámos cedo ao Autódromo, para não perder pitada da acção, que é sempre muita. Ao levantarmos as credenciais na loja do Motor Clube do Estoril, somos surpreendidos quando nos referem, sem qualquer justificação, diga-se, que não será possível levar o carro para os corredores técnicos contíguos à pista, o que naturalmente implica perdas de tempo colossais em deslocações para os vários pontos da mesma, já para não falar em cansaço acrescido pelo forte calor que se faz sentir. Ok... é um desafio adicional para a cobertura deste evento, mas juntemos o exercício físico à fotografia, já que não temos forma de contornar esta limitação.
Ainda estamos para perceber a mistura fantástica entre discrição e um desenho francamente feliz que pauta a maioria dos designs da marca de Estugarda. Estamos na presença de um automóvel imponente, sim, sem que no entanto existam ângulos exagerados ou feitos apenas pelo propósito do drama. Ainda que não possamos confundir este fenómeno de engenharia com um carro civilizado, evidentemente, importa a funcionalidade, como todo o bom Porsche, e é nisso que o 918 Spyder se foca. O antecessor, o ruidoso e desafiante Carrera GT, até pode ganhar no capítulo estético, mas a imponência mantém-se. E claro que só podemos ter um respeito enorme às capacidades deste automóvel. Já valeu a pena ter saído da cama, cedo, hoje!
Após alguns minutos a admirar um carro que poderemos muito bem estar a observar pela primeira e última vez, iniciamos a imprescindível romaria pelas boxes. Começamos por nos dirigir ao espaço onde se encontra a família Gaspar, a máquina que põe em marcha a G-Tech. Os Formula Ford estão presentes em menor quantidade desta vez, até porque a prioridade passa por garantir que o Escort RS 2000 que a equipa trouxe siga fiável e com o set-up ideal... para Spa-Francorchamps! É verdade, o velhinho Ford de Grupo 1 partiu para Bélgica, para disputar uma prova de endurance de três horas. Esperamos que regresse em boas condições e, acima de tudo, com uma boa classificação para acrescentar a esta odisseia. Adoramos o espírito de aventura deste clã, que não se privou de ter numa mesa um tablet a transmitir as 24 Horas de Le Mans, numa altura em que a Toyota ainda liderava. Saímos com um “até já” da boxe desta equipa, seguindo imediatamente para os espaços que estão mais próximos.
Entre os “habitués” do evento, aqueles carros que não podemos deixar de admirar por estarem presentes em todas as edições, ficámos felizes por encontrar algumas novidades seriamente interessantes, tais como um vistoso Lotus Exige, uma máquina construída com os track-days em mente, ou um relativamente discreto mais muito ruidoso Mercedes C63 AMG, da geração anterior à actual, a W204. Apesar do Ford Escort RS Cosworth ser um avistamento algo frequente no Estoril Experience Day, ainda não tínhamos apanhado qualquer exemplar a rodar em pista, este ano. Foi nesta edição que isso ocorreu, e confirma-se. Tal como os irmãos que correram nos ralis, a versão “civil” deste ícone dos anos 90 tem bom aspecto tanto parada como a andar. A aderência e consequente rapidez com que o Cossie saía da Parabólica Ayrton Senna nunca deixou de nos impressionar.
O calor vai sendo cada vez mais notório durante a manhã, mas os carros continuam a chegar em quantidade assinalável ao paddock. Aproximamo-nos dos carros que se encontram mais perto da vedação junto à recta interior e deparamo-nos com o autêntico “parque fechado” que é a tenda da TRS- Touge Racing Service, repleta de carros Japoneses, com especial predominância para os modelos da Honda, quase todos com níveis de preparação muito interessantes, quase todos a entrar em pista nas várias mangas. Permanecemos por aqui durante um bom bocado, em virtude de termos encontrado um conhecido de outras andanças, e a verdade é que a conversa que daqui surgiu acabou por se revelar bastante vantajosa a nível fotográfico. A dada altura, surge um NSX amarelo, um dos NSX mais conhecidos da nossa praça, até, e claro que temos que passar alguns minutos em redor do mesmo, a fotografar alguns dos seus detalhes. Que bem que está a envelhecer o “Ferrari Japonês” e, muito embora os carros do país do Sol Nascente sejam frequentemente menosprezados no que toca ao design, cremos que ainda hoje este seja uma das carroçarias estilisticamente mais felizes que tiveram origem naquelas paragens. Ao sairmos deste local, não podemos de todo ignorar a Audi RS2 Avant que se encontra estacionada mesmo ao lado de toda esta parafernália oriental. Se a cor preta ajuda a tornar esta station wagon em algo que, à distância, aparenta não ser mais que uma comum 80 Avant, a escassos centímetros passa a ser pura e simplesmente impossível não reparar nos vários detalhes emprestados pela Porsche, principalmente no que toca ao conjunto rolante e travões. O facto de ainda hoje as performances serem dignas de nota torna a RS2 num objecto altamente desejável para nós. Ainda passámos algum tempo a admirar esta “carrinha”...
Chega a hora de almoço, pelo que saímos momentaneamente do Autódromo em direcção a uma conhecida grande superfície comercial nas proximidades. E não estamos sós. Temos connosco dois Tiagos e um Pedro, outro trio que já conhecíamos antes da Photorevvin' existir, e que não falta a um track-day no Estoril, embora nem sempre levem os seus carros para a pista, o Renault Megane Coupé e os dois Clio RS 172 que podem contemplar nas imagens abaixo. Coincidentemente, o convívio hoje também ocorre no asfalto abrasivo do playground que se encontra a poucos minutos de distância do local onde nos encontramos, pelo que o almoço, embora descontraído, acaba por ser digerido com alguma pressa por todos nós. É hora de voltar ao carro, que curiosamente, se encontra estacionado ao lado de outro que terá direito a uma sessão nossa dentro de algumas semanas (faremos menção a este insólito no artigo devido), para um pequeno sprint até ao paddock. Estes três representantes da marca do losango entram em pista às 14h55, naquela que é a segunda manga da tarde. É hora de dar algum descanso à máquina fotográfica, que a “ferramenta” que importa usar a partir de agora é... um capacete. Entramos no auto-denominado Pocket Rocket, o 172 Phase 2 de um dos Tiagos e... é hora de sermos parte da acção, embora à pendura, claro.
Decerto que se está muito bem na praia, mas estamos melhor dentro do Clio! Seguros nos excelentes Recaro Trendline, provenientes do 182 Trophy, entramos em pista e mesmo a volta de aquecimento revela desde logo o chassis extremamente saudável que estes carros possuem. Primeira passagem pela recta da meta, e somos nós os timekeepers oficiais aqui dentro. Nota-se que os pneus estão a sofrer com o calor, tanto que numa das voltas, o carro escorrega bem mais do que era suposto na Curva 2. Mesmo assim, os tempos são consistentes, raramente fazendo voltas acima dos 2:24, uma marca muito interessante para um hot-hatch de 2001 cuja potência não é estratosférica. No entanto, há uma volta em que o Tiago dá o tudo por tudo dentro dos cada vez menos permissivos limites de aderência dos Michelin que o Clio calça. E esse esforço é recompensado, com 2:22 no cronómetro no fim da mesma. Nunca perdemos o rasto do 172 Phase 1 do Pedro nem do Megane do Tiago, este último muito mais purpose built, quase sem interior e com roll-bar, até porque o amarelinho é cliente habitual em ralis de regularidade, necessitando assim de alguma preparação para que possa correr nesses eventos. Os “filhos” da Renault Sport não nos são, de todo, indiferentes. A experiência a bordo deste carro só vem provar que os pequenos desportivos gauleses (uns mais que outros, claro) são excelentes escolhas para participar em track-days, bem como uma opção muito interessante para desenvolver técnicas de condução desportiva. Voltando ao Clio do Tiago, a melhor volta a este traçado ainda baixaria para 2:17 durante a tarde, não sendo, ainda assim, o tempo mais rápido que este carro já fez por aqui. Ah valente!
De vinte minutos com a adrenalina em alta, passamos a três horas de caminhada pelos corredores paralelos à pista, tendo parado para fotos nas Parabólicas Interior e Ayrton Senna, Esses, Gancho, Recta Oposta e Curva VIP. O enorme calor que se fez sentir deixou-nos exaustos, obrigando a redobrar a dose de líquidos ingeridos, mas as fotos continuaram a sair a bom ritmo, até porque fomos testemunha de vários duelos em pista que não poderíamos deixar de captar. Embora estivéssemos sempre no sítio errado à hora errada para o efeito, notámos que esta edição do Estoril Experience Day registou mais incidentes em pista que o habitual, o que levou a que alguns dos automóveis participantes abandonassem o Autódromo mais cedo do que o inicialmente previsto, seja por acidentes com maiores ou menores prejuízos materiais, ou mesmo por falhas de mecânica. Um exemplo deste último caso afectou o Peugeot 205 GTI 1.9 que encontrámos logo à chegada, com um princípio de incêndio que só não teve consequências mais graves para o carro e os seus ocupantes graças à rápida e eficiente intervenção dos comissários de pista, a quem temos que deixar os nossos parabéns. Foram estes a garantir que o irrequieto desportivo de Sochaux tivesse saído do Estoril com pouco mais que alguma cablagem derretida, pelo que nos resta deixar um voto de coragem a Diogo Mello, na esperança de que possamos ver este carro a fazer o que sabe melhor já no próximo track-day.
A pele arde e o cansaço proveniente do calor e das poucas horas de sono da noite anterior já fazem os seus estragos no corpo, pelo que antes de abandonarmos o recinto, precisamos de relaxar um pouco, de preferência acompanhados. A mesma tripla com quem almoçámos convida-nos para tomar uma imperial numa das várias esplanadas que se encontram ao longo do paddock, e evidentemente que aceitamos. Nada bate a sensação de beber “uma geladinha” depois de várias horas de grande convívio com os raios solares, e fazê-lo acompanhado de pessoas que muito provavelmente vivem os track-days com ainda maior intensidade do que nós torna este momento no melhor dos finais para este dia. A próxima edição, a últma de 2016, terá lugar a 1 de Outubro, Sábado. Serão mais de três meses de espera, e claro que a Photorevvin' regressará para fechar a temporada de track-days no Estoril. Fica o nosso agradecimento a todos os que passaram um pouco do seu dia connosco, especialmente a quem nos concedeu algumas voltas em pista, bem como à CRM Motorsport por continuar a garantir-nos acesso às zonas mais top secret deste traçado.
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